Zagat Will - PD 2

Apesar da “maldição”, ainda tenho relances de minha vida no subterrâneo gravados em minha memória.

Quando estava pelos tuneis e corredores correndo de um grupo de drows por ter desobedecido uma das “Mistras” de Manzoberranzan, quando não aguentava mais correr e a única esperança era a próxima bifurcação que nem sequer via, parei e decidi lutar, mesmo sabendo que minha morte estava decretada, vou para cima de um deles. Depois de muitos ferimentos eu caio, e no ultimo relance de visão, vejo uma fumaça cobrindo uns 5 metros do túnel e então desmaio...

Depois de horas em sono profundo, acordo em uma cela, feita de grades grossas e agora bastante enferrujadas. Estava amarrado a uma mesa de madeira, enquanto uma goteira gotejava sem parar na minha testa. Uma luz se ascende em meio a escuridão, e lá esta Halk, o Andarilho, com seu companheiro.


Ele contou que havia me salvado naquele momento, mas que agora somente eu poderia me salvar. Deveria cicatrizar meus ferimentos apenas com minha força de vontade, enquanto aquela gota me perturbava. Quando curado, poderia ele ouvir um pedido meu.

Foram diversas semanas passando por aquele sofrimento e perturbação, e por diversas vezes a morte me parecia a solução para todas as aflições que sentia, somente a morte me traria paz. Mas algo me impediu de desistir.

Resisti e as feridas sararam. Então quando o vi novamente, pedi apenas por Liberdade.

Ele riu enquanto dizia:
“Prepare-se. Já fui até lá em cima e sei bem o que pode lhe acontecer. Antes de ter o que deseja terá de aprender a se virar sozinho, para que assim tenha alguma chance quando sair. Não pense que irei pegar leve, só terá sua liberdade se realmente a merecer.”

Durante meses treinei as escuras, em meio aos corredores de Manzoberranzan. Chegamos a andar pela cidade inteira, investigando os guardas para saber notícias da “Divisa da Morte”. Manzoberranzan fica no subterrâneo, logo acima dela está Nestriladeril, a cidade que serve de exemplo para os que tentam fugir. Foi completamente destruída a muito tempo, para mostrar o que acontece aos que tenta se opor a Rainha das Trevas. Halk era de lá, mas conseguiu fugir graças a Ettinis, sua pantera de estimação, que o levou para as profundezas enquanto a cidade era destruída.

Com os treinamentos aprendi a ser rápido e silencioso, apesar de apanhar muito todos os dias, as adagas se tornaram uma extensão do meu corpo.

Halk sempre me pareceu o mais poderoso de meu povo. Ensinou-me a usar uma das “maldições” que Lolth nos dá quando nascemos. A Nuvem de Escuridão é algo que supostamente ela tenha nos dado para usarmos como proteção, dizia Halk.

Ao fim do treinamento Halk me levou até Nestriladeril e me mostrou o caminho para o mundo de fora. Contou-me sobre a maldição que caia sobre os traidores fugitivos, perderia grande parte das minhas memórias, e seria tido como aberração pelos nossos iguais.

Fazia tempo que Halk não subia até a fronteira, e quando já estava do lado de fora, o vi sangrar com um virote que o atingiu pelas costas. A ultima lembrança que tenho, são suas últimas palavras:

“Saia... Viva... e tenha certeza de encontrar ele...”.